Nunca tive queda para saltos altos. Provocam vertigens e dores nos pés. A minha avó, desiludida por eu não calçar como uma senhora, atirava-me um "até parece que és muito alta...". A pretexto de um casamento, comprei o meu primeiro par de "saltos", tão altos e finos que se cair parto uma perna. Wish me luck!
Tuesday, September 26, 2006
Tuesday, September 19, 2006
Z
As formas, as sombras, a luz que descobre a noite
e um pequeno pássaro
e depois longo tempo eu te perdi de vista
meus braços são dois espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de vento
e depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaços
a tua figura era ao que me lembro
da cor do jardim.
António Maria Lisboa
Desenho de Mário Botas
Saturday, September 16, 2006
Tuesday, September 12, 2006
Thursday, September 07, 2006
DECLARAÇÃO DE AMOR I
"- Responda sem pensar: ama a sua mulher?
- Não exactamente.
- E ela ama-o?
- Não, absolutamente. Quando nos casámos, ela disse-me: Gosto de ti, mas não te amo".
- Ora, leu isso em qualquer parte. Queria impressioná-lo e mais nada.
- Não. Espere: ela disse-me que amava outro.
- Disse-lhe quem?
- Alexandre da Macedónia.
- Ah, não a julgava tão profissional. Tirou-lhe todas as hipóteses. E um homem sem hipóteses volta-se para os negócios, ganha dinheiro e e é um bom marido.
- Acha?
- Sei muito bem que é assim. Alexandre da Macedónia! Nunca me teria lembrado dele. Um homem morto!
- Não é um homem morto, repare: é um homem com mais de dois mil anos, mas não está morto. Está fresco que nem uma alface e ninguém sabe onde. Não posso nada contra ele. "
DECLARAÇÃO DE AMOR II
"- Gosta tanto de mim?
- Bem...são feitios . Eu amo mais a chuva do que o bom tempo. E o canto do galo do que o do rouxinol."
- Bem...são feitios . Eu amo mais a chuva do que o bom tempo. E o canto do galo do que o do rouxinol."
Excertos de Party, os diálogos escritos por Agustina Bessa-Luís para o filme de Manoel de Oliveira
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