Tuesday, September 26, 2006


Nunca tive queda para saltos altos. Provocam vertigens e dores nos pés. A minha avó, desiludida por eu não calçar como uma senhora, atirava-me um "até parece que és muito alta...". A pretexto de um casamento, comprei o meu primeiro par de "saltos", tão altos e finos que se cair parto uma perna. Wish me luck!

Tuesday, September 19, 2006


Z

As formas, as sombras, a luz que descobre a noite
e um pequeno pássaro

e depois longo tempo eu te perdi de vista
meus braços são dois espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de vento

e depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaços

a tua figura era ao que me lembro
da cor do jardim.


António Maria Lisboa

Desenho de Mário Botas

Saturday, September 16, 2006

Suster a respiração. Ninguém para me segurar a mão.


Craigie Horsfield
em exposição no Centro de Arte Moderna, na Fundação Calouste Gulbenkian

Tuesday, September 12, 2006


Tudo me desvia a atenção dos relatórios de mestrado.
Até a sebenta que a M. me ofereceu... olha para mim de esguelha, à espera de uma composição sobre a vaca ou o que quero ser quando for grande (Mestre não serei, pelo andar dos trabalhos...).

Thursday, September 07, 2006

DECLARAÇÃO DE AMOR I

"- Responda sem pensar: ama a sua mulher?
- Não exactamente.
- E ela ama-o?
- Não, absolutamente. Quando nos casámos, ela disse-me: Gosto de ti, mas não te amo".
- Ora, leu isso em qualquer parte. Queria impressioná-lo e mais nada.
- Não. Espere: ela disse-me que amava outro.
- Disse-lhe quem?
- Alexandre da Macedónia.
- Ah, não a julgava tão profissional. Tirou-lhe todas as hipóteses. E um homem sem hipóteses volta-se para os negócios, ganha dinheiro e e é um bom marido.
- Acha?
- Sei muito bem que é assim. Alexandre da Macedónia! Nunca me teria lembrado dele. Um homem morto!
- Não é um homem morto, repare: é um homem com mais de dois mil anos, mas não está morto. Está fresco que nem uma alface e ninguém sabe onde. Não posso nada contra ele. "





DECLARAÇÃO DE AMOR II

"- Gosta tanto de mim?
- Bem...são feitios . Eu amo mais a chuva do que o bom tempo. E o canto do galo do que o do rouxinol."

Excertos de Party, os diálogos escritos por Agustina Bessa-Luís para o filme de Manoel de Oliveira

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Saturday, September 02, 2006

A despropósito de coisas soltas e sem significado, fico entre o desalento e um sonhador cansaço de coisas inatingíveis.


Oskar Kokoschka, The Lunatic Girl