Saturday, July 29, 2006
Thursday, July 27, 2006
Monday, July 24, 2006
Tempo Livre
O tempo que dizemos "livre" deveria ser um tempo não mensurável, uma libertação da contagem do tempo, ou a sua suspensão.
Mas pode ser apenas o negativo do tempo de trabalho, simplesmente consumido, como revelam as fotografias de Massimo Vitali.
Ainda assim, troco o trabalho por um dia de praia (com sentimentos de culpa, é claro!).
O tempo que dizemos "livre" deveria ser um tempo não mensurável, uma libertação da contagem do tempo, ou a sua suspensão.
Mas pode ser apenas o negativo do tempo de trabalho, simplesmente consumido, como revelam as fotografias de Massimo Vitali.
Ainda assim, troco o trabalho por um dia de praia (com sentimentos de culpa, é claro!).
Sunday, July 23, 2006
Saturday, July 22, 2006
Monday, July 17, 2006
LEMBRAS-TE?
As minhas primeiras recordações são quase falsas, instantes que invento numa urgência de memória. O portão enorme, as palmeiras, o caminho empedrado que nos conduz à casa desbotada de vermelho, o alpendre numa confusão de cestos, vasos e gaiolas. Acordo, ouve-se o verão lá fora, cantos de cigarras, ervas estalando, os passos arrastados da avó Ilda no patamar marcam a hora da sesta.
Através das janelas fechadas insinuam-se grãos de poeira, terra e ar reconciliados em nuvens de luz. O corredor, interminável, abre-se em salas e quartos onde se escondem criaturas misteriosas. Mas isso é mais tarde, que as primeiras memórias são lugares desabitados, só sons, cheiros e vultos.
Através das janelas fechadas insinuam-se grãos de poeira, terra e ar reconciliados em nuvens de luz. O corredor, interminável, abre-se em salas e quartos onde se escondem criaturas misteriosas. Mas isso é mais tarde, que as primeiras memórias são lugares desabitados, só sons, cheiros e vultos.
Friday, July 14, 2006
Wednesday, July 12, 2006
Dois anos depois, as mesmas frases sublinhadas
,faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos húmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e a luz douradíssima e leve a guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranquilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro
Existir é tão completamente fora do comum que se a consciência de existir demorasse mais de alguns segundos, nós enlouqueceríamos. A solução para esse absurdo que se chama "eu existo", a solução é amar um outro ser que, este, nós compreendemos que exista.
Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres