Hoje estou cheia de não presta.

K.Malevich: Black Square

Conheci os poemas de Amaulia Bautista no blogue
a natureza do mal. Descobri mais um no Poemário de 2005.

Conta-mo outra vez: é tão bonito
que não me canso nunca de escutá-lo.
Repete-me outra vez que o par
do conto foi feliz até à morte.
Que ela não lhe foi infiel, que a ele nem sequer
lhe ocorreu enganá-la. E não te esqueças
de que, apesar do tempo e dos problemas,
continuaram beijando-se cada noite.
Conta-mo mil vezes por favor:
é a história mais bela que conheço.

Amalia Bautista

Escondido no jardim do Campo Grande, vigia os patos e casais enamorados. Aceitam-se sugestões para o nome de baptismo.

Desclassificaram Plutão e reduziram-no à condição de anão. Já não bastava acabarem com as linhas de caminho de ferro que demorei meses a decorar....Não é possível ter confiança na escolaridade obrigatória.

As férias querem-se Grandes, na medida da infância. Não volta mais o sentimento de tempo inteiro dedicado a coisa nenhuma.

Retrato de Verão


Na areia de Vale Figueira

Os espaços em branco dos dias de férias preencheram-se de memórias. Fizeram-me falta as romãs e as amoras bravas.

Adio até ao último minuto a escolha dos livros que me vão acompanhar nas férias. Aspectos a ponderar: peso, tempo disponível, género literário, estado de espírito (insondável), e até a capa pode ter algo a dizer. A conjugação dos dois primeiros exclui O Mar, O Mar, de Iris Murdoch e Os espaços em branco, de Agustina Bessa-Luís.
Decido-me pela descoberta de novos autores, e embrulho na toalha de praia Cotovia, de Deszó Kosztolányi, que se anuncia "delicado, púdico e emotivo" e Os invisíveis de Ana Paula Inácio, pelo azul da capa.

Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da Terra e da Lua. Então ele, o silêncio, aparece. E o coração bate ao reconhecê-lo: pois ele é o de dentro da gente.

Clarice Lispector


Sofrimento, desespero e ascese, Julião Sarmento
(em exposição na ellipse foundation, em alcoitão)

Magarça

Magarça, s.f. (Do lat. amaricacea, de amarus). Planta campestre, de flores brancas, amarelas no centro. Magaça.

Desconfio de tão singela definição. Ou não me dissesse a minha avó, quando lhe desobedecia, "És má como as magarças".

Em filmes contemplativos (mesmo quando estou a gostar, o que foi o caso do filme ao lado) dou por mim a contemplar a minha própria vida. E a fazer listas mentais do que tenho para fazer amanhã.